segunda-feira, 5 de dezembro de 2011

"Recomeça... se puderes, sem angústia e sem pressa e os passos que deres, nesse caminho duro do futuro, dá-os em liberdade, enquanto não alcances não descanses, de nenhum fruto queiras só metade."


 Miguel Torga

terça-feira, 1 de novembro de 2011

Doce novembro

“...Que seja doce...”  Que seja um doce novembro e que ele traga menos lembranças suas, menos saudade sua. Que seja um doce novembro e que ele me traga a paz que eu preciso. Que ele exista, mesmo sem ter você por perto... Vamos, leve esse outubro com você! Que seja um doce novembro com a falta que eu vou sentir de você. Que essa falta seja doce. Que ele me traga menos vontade de te procurar. Menos vontade de te contar meus planos, de te contar como foi meu dia, menos vontade de pensar em você. Que seja doce esse novembro. Que ele me traga menos vontade de receber as suas mensagens e de receber o seu carinho. Que me faça contar menos os dias pra te ver e que me faça não sonhar em ter você. Que seja um doce novembro. Que ele me traga flores, chuvas, um porre...um novo amor? Não, não, isso deixa pro próximo mês. Eu quero um doce novembro que me traga menos vontade de ouvir as músicas que me lembram você e que me faça não reconhecer você em cada filme que eu vejo. Que esse novembro me traga menos sorrisos e cheiros seus, menos afeto seu. Me traga menos vontade de olhar sua foto e conseguir sentir você aqui. E que ele não me venha com os seus abraços, que eu não queira reconhecer os seus abraços em outros quaisquer. Que esse novembro seja doce. Que me traga menos vontade de ouvir você ou simplesmente te olhar, sem dizer nada. Que ele traga menos chorar por você. Que me traga menos querer entender por que teve que ser assim. Que embora tamanha a dor e a tristeza que sinto, ele me traga a certeza de que ‘tudo que chega, chega sempre por alguma razão’. Talvez eu não queira mais te ver nesse doce novembro. Talvez eu já não queira mais sentir você, sofrer você nesse novembro. Talvez eu queira o meu refúgio, o meu silêncio. Talvez eu só queira um pouco de colo. Talvez eu me afaste de você, ou talvez não. Talvez eu não espere mais por você e não esteja mais aqui, pronta, como sempre estive. Eu posso ser forte ou pode não ser tão forte o que sinto, talvez. Talvez o até breve seja um simples “até breve!” Talvez a gente ainda se encontre em alguns maios, julhos ou outubros. Talvez. Mas que novembro seja sempre doce.


                              







                   “Me despeço dessa história
                    E concluo: a gente segue a direção
                    Que o nosso próprio coração mandar,
                    E foi pra lá, e foi pra lá.”
                                           (Assinado eu - Tiê)

domingo, 23 de outubro de 2011

"Uma lembrança boa de você, uma vontade de cuidar melhor de mim, de ser melhor para mim e para os outros. De não morrer, de não sufocar, de continuar sentindo encantamento por alguma outra pessoa que o futuro trará, porque sempre traz, e então não repetir nenhum comportamento. Ser novo. [...] Estou te querendo muito bem neste minuto. Tinha vontade que você estivesse aqui e eu pudesse te mostrar muitas coisas, grandes, pequenas, e sem nenhuma importância, algumas. Fique feliz, fique bem feliz, fique bem claro, queira ser feliz. [...] Mesmo que a gente se perca, não importa que tenha se transformado em passado antes de virar futuro. Mas que seja bom o que vier, para você, para mim."   C.F.A.





"And so it's...The shorter story
 I can't take my mind... My mind... my mind...
'til I find somebody new"

quinta-feira, 13 de outubro de 2011

Trilha sonora da semana...



Tudo bem, confesso: essa música não sai mais da minha cabeça!
Triste, sofrida... e LINDA!
E que voz de anjo tem essa mulher. Parece que tenho certa ... "ligação" com anjos. Bem, mexeu comigo de uma maneira especial, por isso achei q valeria a pena registrá-la aqui!


"Never mind, I'll find someone like you
I wish nothing but the best for you, too
Don't forget me, I beg"

Someone like you - Adele


domingo, 9 de outubro de 2011

Brincadeira de criança

Vamos lá! Depois de um longo (muito longo mesmo) período, cá estou! Tenho pensado em tantas coisas, algumas até penso em compartilhar, mas a verdade é que talvez tenha estado em uma fase um tanto...introspectiva, seria isso? Mas como disse “talvez tenha estado”, acho que significa que talvez não esteja mais. Acho ou tenho certeza? Enfim, um certa indagação me trouxe de volta às palavras: O que é essa tal certeza/segurança?

Desde que me entendo por gente escuto que o mundo pertence àqueles que têm segurança em tudo o que dizem, tudo o que fazem,  em todas as tomadas de decisão. Que temos que planejar tudo, da melhor maneira, detalhadamente, pra que nada dê errado. Será mesmo? Será que temos que ser assim tão seguros o tempo todo? Será que esse mundo nos dá alguma segurança? Sabe do que mais? Não faço ideia! Estou prestes a me formar e, em um ano que – desconfiei - que estava tranquilo demais, de repente muda tudo. E aí, onde é que fica o planejamento, o “construir o amanhã”? De repente eu descubro que me faltam tantas respostas e que essa fase da minha vida é só uma fase mesmo, e o mais interessante: não se completa com um diploma. E não estou falando de outros diplomas que virão, mas de ideias que não foram concluídas, de posicionamentos ainda meio “em cima do muro”, de construção de personalidade, mas isso não vem ao caso; não agora!
O que me tem feito refletir muito é sobre como a vida pode mesmo mudar os rumos em um piscar de olhos. Quem jurava estudar engenharia se vê estudando poesia. Quem sonhou um dia em viajar o mundo, hoje tira fotografias. Quem jurou nunca mais se apaixonar, de repente se casa (e jurando amor eterno). Não é estranho?  Talvez não. Talvez seja preciso engenhar muito bem pra entender poesia. Talvez se possa viajar o mundo através das lentes de uma câmera. Talvez o medo de se apaixonar e de sofrer novamente tenha sido essencial pra uma entrega verdadeiramente conquistada. Talvez não adiante de nada planejar a vida inteira de uma vez se “pra cada passo existe (mesmo) um tempo e uma hora”.
Outro dia uma garotinha de nove anos me perguntou se poderia fazer uma brincadeira comigo. Eu topei e ela, então, começou perguntando-me com quantos anos eu quero me casar. Já me causou logo um choque. Casar? Calma aí eu ainda nem terminei minha faculdade! Preciso me graduar, depois vem mestrado, doutorado, etc...etc... (Planejamento mode on) Além do mais eu nem tenho um namorado, como já posso saber a idade que irei me casar? E foi aí que surgiu uma pergunta ainda mais chocante: “Me diga o nome de três garotos com quem você quer se casar.” Socorro! Três, ainda por cima? (...) Fiquei de verdade sem resposta. “Anda logo, fala o nome de qualquer um” – disse a pequenina. Como qualquer um? Não posso querer me casar – já sabendo a idade que farei isso – com três quaisquer um. (Planejamento mode on – parte II). E veio então a terceira pergunta: “Três lugares do mundo que você moraria com seu marido”. Choquei, de verdade! Três lugares que moraria com um dos três maridos que escolhi, em uma determinada idade. Ok, lugar bonito, seguro, desenvolvido. Lugar tranquilo, longe de tudo, rua, chuva, fazenda. (Planejamento mode on – Parte III). Sabe-se lá como, a pequenina chegou a uma conclusão: casarei com o Fulano aos 30 anos, terei quatro filhos, morarei em São Francisco e serei extremamente pobre. Pronto! Em menos de cinco minutos tive minha vida toda planejada. Legal, né?
Bem, brincadeiras a parte, seria tão mais fácil se fosse assim né? Se as tomadas de decisão fossem feitas com a “inocência” da infância, bem do tipo “vai, anda logo, escolhe qualquer um”. Mas não é assim. Uma palavra torta e pronto, muda tudo. Um olhar uma única vez desencontrado pode não se encontrar nunca mais. Um telefonema não atendido, um e-mail não lido, um atraso naquele encontro...tudo isso pode ser definitivo pra nossa vida seguir esta ou aquela estrada. E o planejamento, fica como? Será que o bom da vida é “não planejar”? Ou controlar tudo e jogar a culpa no acaso quando algo sair da linha?
Sabe o que é o melhor de tudo? A estrada é sempre de mão-dupla. O melhor de tudo é poder voltar, não no tempo, mas nos caminhos e reconstruir essa história, mudar os rumos, os gostos, os sonhos, os amores...Mas construir, sempre! Talvez o medo de voltar seja [quase] sempre muito maior do que o medo de seguir no escuro, no sofrimento.
Não vale a pena! De que adianta uma carreira de sucesso, um casamento em “São Francisco”, se bom mesmo seria aquela sensação de aconchego no sofá de casa? Decisões nunca são erradas, caminhos nunca são trilhados em vão. Mas nada como reconhecer que gostava mesmo era do ponto de partida, voltar atrás e começar outra vez.
Ah! Lembra da garotinha? A melhor parte da brincadeira foi o dia seguinte. Ela veio correndo e disse: “Você tem um papel aí? É que fiquei com dó de você ser extremamente pobre com quatro filhos pra criar e quero fazer a brincadeira outra vez pra mudar o seu destino!”. 

E ainda tem gente que diz que criança não sabe de nada! ;)

¡Hasta luego!
Prometo não demorar tanto dessa vez ;D


"Brincadeira de criança, como é bom, como é bom..." (8)

sábado, 21 de maio de 2011

Saudade de sentir

Houve um tempo em que o coração batia forte ao ouvir aquela voz, como se corpo e alma flutuassem. Tempo que qualquer bobeira dita era repetida diversas vezes pelas lembranças.  Tempo em que olhares se encontravam, se aproximavam e se perdiam em um abraço forte. Sem contar no perfume. Ah, era uma metonímia o cheiro que restava na roupa! O coração que se dizia completo, intenso, fervoroso, confiante. E agora? Tão estranho olhar aquela foto antiga e sentir...nada. Tristeza?  Momentos? Ódio? Mágoa?  Ressentimento? Lembranças?  Brigas?  Carinho? O que restou de tudo isso? Nada.  É tão simples quanto estranho.  Dizem que um velho amor se cura com um novo amor, será que é sempre assim? 



Essas “coisas do coração” são mesmo muito engraçadas.  Desde criança, somos apresentadas a um príncipe encantado, que chega em um cavalo branco e salva a vida das princesas. Tudo bem quem nem todas têm a sorte da Kate e se casam com um príncipe de verdade. Também o príncipe pode chegar de carro, de moto, de bicicleta, a pé, afinal existem tantos meios de transporte, não é mesmo?  Ah, e, não necessariamente, precisamos correr algum perigo para esse ser aparecer na horinha de nos salvar. Mas a verdade é que crescemos esperando o príncipe, o amor das nossas vidas, a pessoa certa. O problema é que quase sempre é o cara errado que aparece na hora certa. Aquela hora que você quer ouvir exatamente o que ele vai te dizer, as músicas que vai dedicar a você. Hora que você quer assistir aos filmes que ele vai te convidar e que você quer ler todas aquelas mensagens que ele vai te mandar.  E o pior de tudo, ele sabe disso! E vai usar todo o seu charme até sentir que tem você, de corpo, alma e coração. E é bem nessa hora, quando você se apaixona, se envolve, se entrega, que ele demonstra ser o cara errado. Ele pode até saber tudo o  que você quer, mas não sabe do que você precisa. Aí então, ele pode vir com aquele papo de “eu não posso me envolver” (na verdade, ele não quer se envolver) ou “você é muito pra mim” (na verdade, você é mesmo!). E aí você vai chorar, sofrer, até encontrar outro cara certo ou errado, em outra hora certa ou errada. Mas, ele também pode simplesmente se afastar de você, aparecendo, esporadicamente, como se nada acontecesse. E você, no auge da loucura, cria histórias, inventa desculpas pra você mesma, não enxerga quem ele é. E ele, no auge do domínio, abusa dos seus sentimentos e da sua cegueira. Mantém você refém de um amor que ele já não quer mais para si, mas quer dizer que é dele. E é quando a inquietude toma conta dos seus dias, pois já não sabe mais o que há de errado com você. Não sabe mais se foi intensa de mais ou de menos; verdadeira de mais ou de menos; romântica de mais ou de menos; amada de mais ou de menos. Não sabe se fala ou se cala; se pergunta ou se cala; se chora ou se cala; se liga, manda mensagem, vai atrás dele ou espera. E você decide. É isso, você espera! Espera o tempo passar, espera o problema de família se resolver, espera o trabalho se estabilizar, espera, espera, espera. E o que ele espera de você? Que você espere por ele, simples. E o tempo passa. Ele continua manipulando o seu sentimento. Ora agrada, ora se afasta. Ora mil juras, promessas, telefonemas. Ora silêncio, culpa, engano. E o tempo passa. O silêncio anda vencendo as promessas.  A espera está cansando de esperar. E o tempo passa. Passa. Passou. Antes mesmo de você se dar conta, aquele sentimento tão intenso vai embora com o tempo. Você já não vive mais como quem espera um amor, mas como quem conta os dias para o fim desse amor. Como quem já cansou desse livro e quer guardá-lo em uma gaveta inútil. De repente, você se vê livre. De repente, você se vê vazia. Melhor, talvez, seria a dor, a tristeza, a raiva. Mas não, não sobrou nada. Acabou. Passou. Nada. E segue, estranhamente segue sem nenhuma lembrança. Vez ou outra elas surgem em alguma frase, em algum perfume. Vez ou outra. E qual a importância que se dá a isso? Nenhuma. Nada. Não restou nada, de bom ou de ruim. A única saudade que se tem é a de sentir saudade. Sentir falta de abraço, de beijo, de carinho, de palavras, de perfume, pois já não se sente nada, só lhe resta a saudade de sentir.
Ela sente saudade é de sentir saudades...e só!

"Eu queria que não fosse assim, que não tivesse sido assim. Mas não consegui evitar. A semente recusava-se a vir à tona, eu nem sempre tinha tempo ou vontade de regá-la, e não chovia mais – foi isso que aconteceu." (Caio Fernando Abreu)

sexta-feira, 8 de abril de 2011

O amor quando se revela

"O amor, quando se revela,
não se sabe revelar.
Sabe bem olhar p'ra ela,
mas não lhe sabe falar.
Quem quer dizer o que sente
não sabe o que há de dizer.
Fala: parece que mente.
Cala: parece
esquecer.


Ah, mas se ela adivinhasse,
se pudesse ouvir o olhar,
e se um olhar lhe bastasse
pra saber que a estão a amar!

Mas quem sente muito, cala;

quem quer dizer quanto sente
fica sem alma nem fala,
fica só, inteiramente!

Mas se isto puder contar-lhe
o que não lhe ouso
contar,

já não terei que falar-lhe
porque lhe estou a falar... "
O amor quando se revela - Fernando Pessoa
É que o amor se encontra em lugares que, por tamanha confiança, não ousamos procurar.


domingo, 27 de março de 2011

Falta muito pra acabar?

"No final, tudo dá certo!" Quem nunca ouviu essa frase ao menos uma vez na vida, que atire a primeira pedra!
Mas enquanto esse final não chega, vejo-me obrigada a conviver com alguém não muito agradável, minha querida ansiedade!
Tudo bem, vai, você até tem sido uma companheira e tanto! Daquelas que está sempre comigo, nas horas boas e nas ruins. Desperta meu sono em tantas e tantas noites; também invade e toma conta de vários dos meus sonhos noturnos. Causa-me calafrios pra anteceder diálogos determinantes, desperta-me lágrimas, muitas delas sem motivo, deixa-me sem ar, sem contar nos inúmeros chocolates que me traz de presente. Realmente, querida ansiedade, nossa relação já é quase amorosa!
E às vezes me pergunto: por que não consigo terminar esse "namoro"? Será que é tão difícil assim ter a certeza de que no final, [quase sempre, bem no finalzinho mesmo] tudo vai acabar bem?
Difícil é entender que o resultado daquela prova vai chegar e que terá dado tudo certo. Difícil acreditar que ele vai ligar no dia seguinte, pelo menos "algum" ele, aquele mais especial, vai ligar! Difícil saber que aquele tema inusitado pro TCC vai surgir. Difícil aceitar que precisamos vencer algumas etapas primeiro, para depois chegar a resultados maiores e melhores. Difícil entender que é melhor vivermos o hoje, como eu dizia em um post passado. Difícil, muito difícil, ter que esperar, esperar, esperar...
Mas uma certeza eu tenho: no fim, de um jeito ou de outro, tudo acaba sempre bem. Sofremos tanto, perdemos noites e noites de sono, perdemos (ou ganhamos) apetite, pra no final, acabar tudo bem. Às vezes, planejamos tudo, minuciosamente, mas algumas coisas tomam rumos diferentes. E sabe o que é mais engraçado? Mesmo quando as coisas não acontecem da forma como planejamos, as mudanças são sempre pra melhor, não é mesmo?
Pois é, e mesmo com essa certeza, não consigo me afastar de você, ansiedade...
Acho que, na verdade, você é o ingrediente fundamental! Nós, seres humanos, precisamos ter a certeza de que não foi tão fácil assim. Veja o caso das conquistas: se ele não liga, passamos horas tentando descobrir o que foi que deu errado; se ele liga, manda mensagem, é um grudento! Se ela não aceita o convite, é porque está "fazendo doce"; se aceita na hora, é fácil demais! Tá vendo?! Nunca estamos satisfeitos  e queremos sempre aquilo que é mais difícil, acompanhado de uma boa dose de ansiedade. Complicado, né?
Mas, minha querida ansiedade, mesmo sabendo de tudo isso, tenho a certeza de que nossa relação será eterna. Só te peço que "pegue um pouco mais leve" de vez em quando. Tenho me sentido sufocada, ultimamente. É bom deixar o outro respirar um pouco, caminhar sozinho, caso contrário, pode abalar o relacionamento. Você sempre dá um toque especial em minhas conquistas, mas precisa me ajudar a dormir belas noites de sono. Além disso, não me trazer tantos chocolates fará bem à minha saúde!
Bom, espero que entenda e aceite o meu pedido.

segunda-feira, 14 de março de 2011

Dia Nacional da Poesia

 "O poeta é um fingidor.
Finge tão completamente
Que chega a fingir que é dor
A dor que deveras sente.

E os que lêem o que escreve,
Na dor lida sentem bem,
Não as duas que ele teve,
Mas só a que eles não têm.

E assim nas calhas de roda
Gira, a entreter a razão,
Esse comboio de corda
Que se chama coração."

(Autopsicografia - Fernando Pessoa)




 
A todos os fingidores, amantes, amados, e a todos que fingem não sentir tudo isso, um pouquinho de Fernando Pessoa. 

14 de março - Dia Nacional da Poesia - (Homenagem ao poeta Castro Alves)


domingo, 13 de março de 2011

Decreto

"Fica decretado que, a partir deste instante,
haverá girassóis em todas as janelas,
que os girassóis terão direito
a abrir-se dentro da sombra;
e que as janelas devem permanecer, o dia inteiro,
abertas para o verde onde cresce a esperança."

(Thiago de Mello)

Alegre-se!

Engraçado essa busca constante pela tal felicidade. Por que temos que esperar isso ou aquilo pra sermos felizes? Esperamos a maioridade, o vestibular, o diploma. Esperamos o amor das nossas vidas, o sucesso profissional. Por que não podemos ser feliz hoje?
Vejo pessoas que se prendem a passados mais presentes do que nunca. Homens e mulheres que choram o amor perdido na juventude, a oportunidade de  um bom emprego que se foi,  o casamento que acabou... Enquanto lamentam o passado, esperam pelo final feliz.
O ontem já acabou!  Tantos se prendem a ele  por “ser mais fácil contar uma história que já foi escrita”. O futuro, ainda incerto,  pertence aos nossos sonhos. E há aqueles que vivem nesse mundo do amanhã, respirando o ar que ainda nem conhecem. Será mesmo que vale a pena sonhar com sofrimentos, ansiedades, pontos de interrogação? Por falar em sonhadores...Não há tempo mais oportuno pra vivenciar esses sonhos e para buscar essa felicidade do que o tempo da juventude. Jovens buscam suas realizações profissionais, seus amores, encontros, caminhos, amigos, despedidas, sonhos, sonhos, planos, sonhos... Jovens que desperdiçam suas forças com tantas bobagens;  jovens que se dizem sempre em busca da felicidade. E por que nunca a encontram?
Muitos dizem procurá-la em lugares errados, com pessoas erradas. Mas eu penso que o erro está, na verdade, em o que se busca.  Procura-se felicidade, mas vive-se de euforia. Isso mesmo! A melhor balada, o mais gato(a) da noite. Momentos de euforia, e não alegria. “
Euforia é um estado de emoção plena". Emoção, não alegria. Euforia é algo que a gente sente e... passa. É o beijo da noite, o som, o elogio, o momento.

Quem nunca ouviu falar na disputa paixão X amor? O mesmo se dá entre euforia X alegria. Sentimentos tão próximos e tão distantes. A paixão (euforia) é intensa, ferve, chora, sorri, impulsiona, enlouquece. “O amor (alegria) é paciente, é bondoso, não busca os seus próprios interesses”. A paixão (euforia) nos torna cegos, escravos, faz com que tomemos decisões impulsionados por um sentimento incontrolável. O amor (alegria) não se alegra com a injustiça, mas regozija-se com a verdade; tudo desculpa, tudo crê, tudo espera, tudo suporta. A paixão (euforia) acaba, deixando-nos fragilizados. O amor (alegria) tudo crê, tudo espera,  deixando-nos  com a paz.
E por que, então, vivemos de euforias? Simples! Basta observarmos o que nos cerca. Vivemos em tempos em que tudo é imediato. Compras imediatas, comidas enlatadas (imediatas), fast food, respostas imediatas, dietas imediatas, beijos imediatos, relacionamentos imediatos, sonhos imediatos... Imediatos... Eufóricos... Euforia! A euforia é imediata.
Voltemos ao amor, este deve ser conquistado, cultivado, essa história de “amor a primeira vista”, convenhamos, não existe! O amor tudo espera. Para amar é preciso esperar, conhecer. Não existe amor imediato, instantâneo. Aquilo que se relaciona a imediato está, também, ligado a descartável. O amor, assim como a alegria, não pode ser descartável.
É preciso, então, deixar esse tempo de euforia. Não digo deixar de viver, de experimentar esse tempo. Mas sim, deixar de viver nesse tempo. É preciso contemplar realizações, sonhos, planos, amores, baseados em alegrias, não em euforias. Euforia passa, morre. Alegria permanece, vive. É preciso buscar a alegria hoje. Deixar de lamentar as euforias de ontem ou esperar as de amanhã. É preciso ser feliz hoje. A busca pela alegria sim, deve ser imediata, imediatamente, agora!

Mexa-se!


 
“Não há tempo que volte, amor. Vamos nos permitir”
(Tempos Modernos, Lulu Santos)

sábado, 5 de março de 2011

Muito prazer, Renata.

É isso ai! Como dizem, resolvi "dar a cara à tapa", "colocar na roda". Resolvi escrever (ou transcrever) meus pensamentos. Para tanto, preciso me apresentar...

Meu nome é Renata, tenho 20 anos e muitos sonhos. Sou bailarina desde sempre, por amor, por paixão... por acreditar que a vida nos palcos é muito mais bonita. Sou estudante de Letras porque essa profissão me escolheu e, apesar de tantas dúvidas, confesso que realmente nasci pra isto: ser professora. Tenho fé. Acredito no amor de Deus e que o mundo melhor só chegará quando esse amor alcançar toda a humanidade. Acredito nos sonhos e nas pessoas, o problema é que nem sempre acredito nos meus sonhos e em mim.Gosto da delicadeza. Gosto da escolha das melhores palavras, mesmo nos piores momentos. Mas também sei usar do grito e do desabafo de palavras não tão belas. Gosto do silêncio, do travesseiro, da noite, do frio, da chuva, de Tom Jobim. Gosto de dar boas gargalhadas, da música alta, do sol, do vento. Gosto de gente e de não ver gente, às vezes. Gosto dos melhores beijos, dos melhores abraços, dos melhores filmes de amor. Gosto de boas palavras, de boas conversas e de bons olhares, principalmente aqueles cheios de voz. Gosto de amar e gosto do amor. Gosto de trabalhar e de me mexer. Gosto mais ainda de me espreguiçar de manhã. Gosto dos detalhes. Pra me ganhar, é preciso atenção nas pequenas coisas, mas não apenas. Alguns me definem como a meiguice, a delicadeza, o anjo, a perfeição, a incapaz de errar, e disso eu não gosto. Já disse, gosto de gente e sou gente. Erro, acerto, magoo, perdoo, brigo, falo palavrão, choro, sofro, tenho meus limites.Vivo. Sou gente. Já me apaixonei pra sempre e descobri que o pra sempre, sempre acaba. Já menti sem querer querendo. Já sofri por amor. Já fiz alguém sofrer por amor. Já quis jogar tudo pro alto. Já quis entrar pro convento. Já chorei sem ter motivo. Já chorei por um bom motivo. Já senti saudade e, a propósito, só se tem saudade do que é bom. Já fui criticada por minhas escolhas, pelo que eu sou, pelo que eu não sou. Já defendi com unhas e dentes o que penso e mudei de ideia cinco minutos depois. Já critiquei o outro e me vi fazendo o mesmo. Já disse palavras erradas em dias e lugares errados. Já realizei alguns sonhos. Já desacreditei de outros. Já vivi boas histórias. Já imaginei tantas outras pra viver. Já fiz grandes loucuras. Já me arrependi de algumas coisas que fiz e de outras que deixei de fazer. Já me peguei pensando em quem não devia. Já planejei, com detalhes, tudo aquilo que deu errado. Já não confiei naquilo que deu incrivelmente certo. Tive crises existenciais (aliás, acho que tenho todos os dias). Tive grandes amizades que se perderam. Tenho grandes amizades que talvez se percam. Tenho também uma grande família, que amo muito. Tenho um anjo em minha vida. Sofro por antecipação. Tenho medo e confiança. Ainda espero por um grande amor. E espero também que nada esperem de mim. Que não venham com (pré)conceitos e (pré)definições a meu respeito. Que não criem expectativas. Que não me definam. Nem eu mesma posso me definir pois sou a própria inconstância. Vivo em eterno aprendizado. Ora isso, ora aquilo. "Não sou freira, nem sou puta". Não mudo meus princípios, mas mudo muitas vezes de opinião. Não por ser influenciável, mas por acreditar que o mundo muda quando a gente muda. Certa vez eu li que "loucura é continuar fazendo o mesmo e esperar resultados diferentes". Não espero que me definam. Espero que me descubram, que me provoquem, que me emocionem, que me decifrem. Espero que me despertem paixões, amores, incertezas, calafrios, despertem emoções. Espero que me respeitem, que me amem e não espero coisa alguma. Espero que me conheçam.

Bem-vindos ao meu mundo!

iHasta luego!

(Cada um sabe a alegria e a dor que traz no coração.) - Epitáfio, Titãs.