segunda-feira, 5 de dezembro de 2011

"Recomeça... se puderes, sem angústia e sem pressa e os passos que deres, nesse caminho duro do futuro, dá-os em liberdade, enquanto não alcances não descanses, de nenhum fruto queiras só metade."


 Miguel Torga

terça-feira, 1 de novembro de 2011

Doce novembro

“...Que seja doce...”  Que seja um doce novembro e que ele traga menos lembranças suas, menos saudade sua. Que seja um doce novembro e que ele me traga a paz que eu preciso. Que ele exista, mesmo sem ter você por perto... Vamos, leve esse outubro com você! Que seja um doce novembro com a falta que eu vou sentir de você. Que essa falta seja doce. Que ele me traga menos vontade de te procurar. Menos vontade de te contar meus planos, de te contar como foi meu dia, menos vontade de pensar em você. Que seja doce esse novembro. Que ele me traga menos vontade de receber as suas mensagens e de receber o seu carinho. Que me faça contar menos os dias pra te ver e que me faça não sonhar em ter você. Que seja um doce novembro. Que ele me traga flores, chuvas, um porre...um novo amor? Não, não, isso deixa pro próximo mês. Eu quero um doce novembro que me traga menos vontade de ouvir as músicas que me lembram você e que me faça não reconhecer você em cada filme que eu vejo. Que esse novembro me traga menos sorrisos e cheiros seus, menos afeto seu. Me traga menos vontade de olhar sua foto e conseguir sentir você aqui. E que ele não me venha com os seus abraços, que eu não queira reconhecer os seus abraços em outros quaisquer. Que esse novembro seja doce. Que me traga menos vontade de ouvir você ou simplesmente te olhar, sem dizer nada. Que ele traga menos chorar por você. Que me traga menos querer entender por que teve que ser assim. Que embora tamanha a dor e a tristeza que sinto, ele me traga a certeza de que ‘tudo que chega, chega sempre por alguma razão’. Talvez eu não queira mais te ver nesse doce novembro. Talvez eu já não queira mais sentir você, sofrer você nesse novembro. Talvez eu queira o meu refúgio, o meu silêncio. Talvez eu só queira um pouco de colo. Talvez eu me afaste de você, ou talvez não. Talvez eu não espere mais por você e não esteja mais aqui, pronta, como sempre estive. Eu posso ser forte ou pode não ser tão forte o que sinto, talvez. Talvez o até breve seja um simples “até breve!” Talvez a gente ainda se encontre em alguns maios, julhos ou outubros. Talvez. Mas que novembro seja sempre doce.


                              







                   “Me despeço dessa história
                    E concluo: a gente segue a direção
                    Que o nosso próprio coração mandar,
                    E foi pra lá, e foi pra lá.”
                                           (Assinado eu - Tiê)

domingo, 23 de outubro de 2011

"Uma lembrança boa de você, uma vontade de cuidar melhor de mim, de ser melhor para mim e para os outros. De não morrer, de não sufocar, de continuar sentindo encantamento por alguma outra pessoa que o futuro trará, porque sempre traz, e então não repetir nenhum comportamento. Ser novo. [...] Estou te querendo muito bem neste minuto. Tinha vontade que você estivesse aqui e eu pudesse te mostrar muitas coisas, grandes, pequenas, e sem nenhuma importância, algumas. Fique feliz, fique bem feliz, fique bem claro, queira ser feliz. [...] Mesmo que a gente se perca, não importa que tenha se transformado em passado antes de virar futuro. Mas que seja bom o que vier, para você, para mim."   C.F.A.





"And so it's...The shorter story
 I can't take my mind... My mind... my mind...
'til I find somebody new"

quinta-feira, 13 de outubro de 2011

Trilha sonora da semana...



Tudo bem, confesso: essa música não sai mais da minha cabeça!
Triste, sofrida... e LINDA!
E que voz de anjo tem essa mulher. Parece que tenho certa ... "ligação" com anjos. Bem, mexeu comigo de uma maneira especial, por isso achei q valeria a pena registrá-la aqui!


"Never mind, I'll find someone like you
I wish nothing but the best for you, too
Don't forget me, I beg"

Someone like you - Adele


domingo, 9 de outubro de 2011

Brincadeira de criança

Vamos lá! Depois de um longo (muito longo mesmo) período, cá estou! Tenho pensado em tantas coisas, algumas até penso em compartilhar, mas a verdade é que talvez tenha estado em uma fase um tanto...introspectiva, seria isso? Mas como disse “talvez tenha estado”, acho que significa que talvez não esteja mais. Acho ou tenho certeza? Enfim, um certa indagação me trouxe de volta às palavras: O que é essa tal certeza/segurança?

Desde que me entendo por gente escuto que o mundo pertence àqueles que têm segurança em tudo o que dizem, tudo o que fazem,  em todas as tomadas de decisão. Que temos que planejar tudo, da melhor maneira, detalhadamente, pra que nada dê errado. Será mesmo? Será que temos que ser assim tão seguros o tempo todo? Será que esse mundo nos dá alguma segurança? Sabe do que mais? Não faço ideia! Estou prestes a me formar e, em um ano que – desconfiei - que estava tranquilo demais, de repente muda tudo. E aí, onde é que fica o planejamento, o “construir o amanhã”? De repente eu descubro que me faltam tantas respostas e que essa fase da minha vida é só uma fase mesmo, e o mais interessante: não se completa com um diploma. E não estou falando de outros diplomas que virão, mas de ideias que não foram concluídas, de posicionamentos ainda meio “em cima do muro”, de construção de personalidade, mas isso não vem ao caso; não agora!
O que me tem feito refletir muito é sobre como a vida pode mesmo mudar os rumos em um piscar de olhos. Quem jurava estudar engenharia se vê estudando poesia. Quem sonhou um dia em viajar o mundo, hoje tira fotografias. Quem jurou nunca mais se apaixonar, de repente se casa (e jurando amor eterno). Não é estranho?  Talvez não. Talvez seja preciso engenhar muito bem pra entender poesia. Talvez se possa viajar o mundo através das lentes de uma câmera. Talvez o medo de se apaixonar e de sofrer novamente tenha sido essencial pra uma entrega verdadeiramente conquistada. Talvez não adiante de nada planejar a vida inteira de uma vez se “pra cada passo existe (mesmo) um tempo e uma hora”.
Outro dia uma garotinha de nove anos me perguntou se poderia fazer uma brincadeira comigo. Eu topei e ela, então, começou perguntando-me com quantos anos eu quero me casar. Já me causou logo um choque. Casar? Calma aí eu ainda nem terminei minha faculdade! Preciso me graduar, depois vem mestrado, doutorado, etc...etc... (Planejamento mode on) Além do mais eu nem tenho um namorado, como já posso saber a idade que irei me casar? E foi aí que surgiu uma pergunta ainda mais chocante: “Me diga o nome de três garotos com quem você quer se casar.” Socorro! Três, ainda por cima? (...) Fiquei de verdade sem resposta. “Anda logo, fala o nome de qualquer um” – disse a pequenina. Como qualquer um? Não posso querer me casar – já sabendo a idade que farei isso – com três quaisquer um. (Planejamento mode on – parte II). E veio então a terceira pergunta: “Três lugares do mundo que você moraria com seu marido”. Choquei, de verdade! Três lugares que moraria com um dos três maridos que escolhi, em uma determinada idade. Ok, lugar bonito, seguro, desenvolvido. Lugar tranquilo, longe de tudo, rua, chuva, fazenda. (Planejamento mode on – Parte III). Sabe-se lá como, a pequenina chegou a uma conclusão: casarei com o Fulano aos 30 anos, terei quatro filhos, morarei em São Francisco e serei extremamente pobre. Pronto! Em menos de cinco minutos tive minha vida toda planejada. Legal, né?
Bem, brincadeiras a parte, seria tão mais fácil se fosse assim né? Se as tomadas de decisão fossem feitas com a “inocência” da infância, bem do tipo “vai, anda logo, escolhe qualquer um”. Mas não é assim. Uma palavra torta e pronto, muda tudo. Um olhar uma única vez desencontrado pode não se encontrar nunca mais. Um telefonema não atendido, um e-mail não lido, um atraso naquele encontro...tudo isso pode ser definitivo pra nossa vida seguir esta ou aquela estrada. E o planejamento, fica como? Será que o bom da vida é “não planejar”? Ou controlar tudo e jogar a culpa no acaso quando algo sair da linha?
Sabe o que é o melhor de tudo? A estrada é sempre de mão-dupla. O melhor de tudo é poder voltar, não no tempo, mas nos caminhos e reconstruir essa história, mudar os rumos, os gostos, os sonhos, os amores...Mas construir, sempre! Talvez o medo de voltar seja [quase] sempre muito maior do que o medo de seguir no escuro, no sofrimento.
Não vale a pena! De que adianta uma carreira de sucesso, um casamento em “São Francisco”, se bom mesmo seria aquela sensação de aconchego no sofá de casa? Decisões nunca são erradas, caminhos nunca são trilhados em vão. Mas nada como reconhecer que gostava mesmo era do ponto de partida, voltar atrás e começar outra vez.
Ah! Lembra da garotinha? A melhor parte da brincadeira foi o dia seguinte. Ela veio correndo e disse: “Você tem um papel aí? É que fiquei com dó de você ser extremamente pobre com quatro filhos pra criar e quero fazer a brincadeira outra vez pra mudar o seu destino!”. 

E ainda tem gente que diz que criança não sabe de nada! ;)

¡Hasta luego!
Prometo não demorar tanto dessa vez ;D


"Brincadeira de criança, como é bom, como é bom..." (8)

sábado, 21 de maio de 2011

Saudade de sentir

Houve um tempo em que o coração batia forte ao ouvir aquela voz, como se corpo e alma flutuassem. Tempo que qualquer bobeira dita era repetida diversas vezes pelas lembranças.  Tempo em que olhares se encontravam, se aproximavam e se perdiam em um abraço forte. Sem contar no perfume. Ah, era uma metonímia o cheiro que restava na roupa! O coração que se dizia completo, intenso, fervoroso, confiante. E agora? Tão estranho olhar aquela foto antiga e sentir...nada. Tristeza?  Momentos? Ódio? Mágoa?  Ressentimento? Lembranças?  Brigas?  Carinho? O que restou de tudo isso? Nada.  É tão simples quanto estranho.  Dizem que um velho amor se cura com um novo amor, será que é sempre assim? 



Essas “coisas do coração” são mesmo muito engraçadas.  Desde criança, somos apresentadas a um príncipe encantado, que chega em um cavalo branco e salva a vida das princesas. Tudo bem quem nem todas têm a sorte da Kate e se casam com um príncipe de verdade. Também o príncipe pode chegar de carro, de moto, de bicicleta, a pé, afinal existem tantos meios de transporte, não é mesmo?  Ah, e, não necessariamente, precisamos correr algum perigo para esse ser aparecer na horinha de nos salvar. Mas a verdade é que crescemos esperando o príncipe, o amor das nossas vidas, a pessoa certa. O problema é que quase sempre é o cara errado que aparece na hora certa. Aquela hora que você quer ouvir exatamente o que ele vai te dizer, as músicas que vai dedicar a você. Hora que você quer assistir aos filmes que ele vai te convidar e que você quer ler todas aquelas mensagens que ele vai te mandar.  E o pior de tudo, ele sabe disso! E vai usar todo o seu charme até sentir que tem você, de corpo, alma e coração. E é bem nessa hora, quando você se apaixona, se envolve, se entrega, que ele demonstra ser o cara errado. Ele pode até saber tudo o  que você quer, mas não sabe do que você precisa. Aí então, ele pode vir com aquele papo de “eu não posso me envolver” (na verdade, ele não quer se envolver) ou “você é muito pra mim” (na verdade, você é mesmo!). E aí você vai chorar, sofrer, até encontrar outro cara certo ou errado, em outra hora certa ou errada. Mas, ele também pode simplesmente se afastar de você, aparecendo, esporadicamente, como se nada acontecesse. E você, no auge da loucura, cria histórias, inventa desculpas pra você mesma, não enxerga quem ele é. E ele, no auge do domínio, abusa dos seus sentimentos e da sua cegueira. Mantém você refém de um amor que ele já não quer mais para si, mas quer dizer que é dele. E é quando a inquietude toma conta dos seus dias, pois já não sabe mais o que há de errado com você. Não sabe mais se foi intensa de mais ou de menos; verdadeira de mais ou de menos; romântica de mais ou de menos; amada de mais ou de menos. Não sabe se fala ou se cala; se pergunta ou se cala; se chora ou se cala; se liga, manda mensagem, vai atrás dele ou espera. E você decide. É isso, você espera! Espera o tempo passar, espera o problema de família se resolver, espera o trabalho se estabilizar, espera, espera, espera. E o que ele espera de você? Que você espere por ele, simples. E o tempo passa. Ele continua manipulando o seu sentimento. Ora agrada, ora se afasta. Ora mil juras, promessas, telefonemas. Ora silêncio, culpa, engano. E o tempo passa. O silêncio anda vencendo as promessas.  A espera está cansando de esperar. E o tempo passa. Passa. Passou. Antes mesmo de você se dar conta, aquele sentimento tão intenso vai embora com o tempo. Você já não vive mais como quem espera um amor, mas como quem conta os dias para o fim desse amor. Como quem já cansou desse livro e quer guardá-lo em uma gaveta inútil. De repente, você se vê livre. De repente, você se vê vazia. Melhor, talvez, seria a dor, a tristeza, a raiva. Mas não, não sobrou nada. Acabou. Passou. Nada. E segue, estranhamente segue sem nenhuma lembrança. Vez ou outra elas surgem em alguma frase, em algum perfume. Vez ou outra. E qual a importância que se dá a isso? Nenhuma. Nada. Não restou nada, de bom ou de ruim. A única saudade que se tem é a de sentir saudade. Sentir falta de abraço, de beijo, de carinho, de palavras, de perfume, pois já não se sente nada, só lhe resta a saudade de sentir.
Ela sente saudade é de sentir saudades...e só!

"Eu queria que não fosse assim, que não tivesse sido assim. Mas não consegui evitar. A semente recusava-se a vir à tona, eu nem sempre tinha tempo ou vontade de regá-la, e não chovia mais – foi isso que aconteceu." (Caio Fernando Abreu)

sexta-feira, 8 de abril de 2011

O amor quando se revela

"O amor, quando se revela,
não se sabe revelar.
Sabe bem olhar p'ra ela,
mas não lhe sabe falar.
Quem quer dizer o que sente
não sabe o que há de dizer.
Fala: parece que mente.
Cala: parece
esquecer.


Ah, mas se ela adivinhasse,
se pudesse ouvir o olhar,
e se um olhar lhe bastasse
pra saber que a estão a amar!

Mas quem sente muito, cala;

quem quer dizer quanto sente
fica sem alma nem fala,
fica só, inteiramente!

Mas se isto puder contar-lhe
o que não lhe ouso
contar,

já não terei que falar-lhe
porque lhe estou a falar... "
O amor quando se revela - Fernando Pessoa
É que o amor se encontra em lugares que, por tamanha confiança, não ousamos procurar.