domingo, 27 de março de 2011

Falta muito pra acabar?

"No final, tudo dá certo!" Quem nunca ouviu essa frase ao menos uma vez na vida, que atire a primeira pedra!
Mas enquanto esse final não chega, vejo-me obrigada a conviver com alguém não muito agradável, minha querida ansiedade!
Tudo bem, vai, você até tem sido uma companheira e tanto! Daquelas que está sempre comigo, nas horas boas e nas ruins. Desperta meu sono em tantas e tantas noites; também invade e toma conta de vários dos meus sonhos noturnos. Causa-me calafrios pra anteceder diálogos determinantes, desperta-me lágrimas, muitas delas sem motivo, deixa-me sem ar, sem contar nos inúmeros chocolates que me traz de presente. Realmente, querida ansiedade, nossa relação já é quase amorosa!
E às vezes me pergunto: por que não consigo terminar esse "namoro"? Será que é tão difícil assim ter a certeza de que no final, [quase sempre, bem no finalzinho mesmo] tudo vai acabar bem?
Difícil é entender que o resultado daquela prova vai chegar e que terá dado tudo certo. Difícil acreditar que ele vai ligar no dia seguinte, pelo menos "algum" ele, aquele mais especial, vai ligar! Difícil saber que aquele tema inusitado pro TCC vai surgir. Difícil aceitar que precisamos vencer algumas etapas primeiro, para depois chegar a resultados maiores e melhores. Difícil entender que é melhor vivermos o hoje, como eu dizia em um post passado. Difícil, muito difícil, ter que esperar, esperar, esperar...
Mas uma certeza eu tenho: no fim, de um jeito ou de outro, tudo acaba sempre bem. Sofremos tanto, perdemos noites e noites de sono, perdemos (ou ganhamos) apetite, pra no final, acabar tudo bem. Às vezes, planejamos tudo, minuciosamente, mas algumas coisas tomam rumos diferentes. E sabe o que é mais engraçado? Mesmo quando as coisas não acontecem da forma como planejamos, as mudanças são sempre pra melhor, não é mesmo?
Pois é, e mesmo com essa certeza, não consigo me afastar de você, ansiedade...
Acho que, na verdade, você é o ingrediente fundamental! Nós, seres humanos, precisamos ter a certeza de que não foi tão fácil assim. Veja o caso das conquistas: se ele não liga, passamos horas tentando descobrir o que foi que deu errado; se ele liga, manda mensagem, é um grudento! Se ela não aceita o convite, é porque está "fazendo doce"; se aceita na hora, é fácil demais! Tá vendo?! Nunca estamos satisfeitos  e queremos sempre aquilo que é mais difícil, acompanhado de uma boa dose de ansiedade. Complicado, né?
Mas, minha querida ansiedade, mesmo sabendo de tudo isso, tenho a certeza de que nossa relação será eterna. Só te peço que "pegue um pouco mais leve" de vez em quando. Tenho me sentido sufocada, ultimamente. É bom deixar o outro respirar um pouco, caminhar sozinho, caso contrário, pode abalar o relacionamento. Você sempre dá um toque especial em minhas conquistas, mas precisa me ajudar a dormir belas noites de sono. Além disso, não me trazer tantos chocolates fará bem à minha saúde!
Bom, espero que entenda e aceite o meu pedido.

segunda-feira, 14 de março de 2011

Dia Nacional da Poesia

 "O poeta é um fingidor.
Finge tão completamente
Que chega a fingir que é dor
A dor que deveras sente.

E os que lêem o que escreve,
Na dor lida sentem bem,
Não as duas que ele teve,
Mas só a que eles não têm.

E assim nas calhas de roda
Gira, a entreter a razão,
Esse comboio de corda
Que se chama coração."

(Autopsicografia - Fernando Pessoa)




 
A todos os fingidores, amantes, amados, e a todos que fingem não sentir tudo isso, um pouquinho de Fernando Pessoa. 

14 de março - Dia Nacional da Poesia - (Homenagem ao poeta Castro Alves)


domingo, 13 de março de 2011

Decreto

"Fica decretado que, a partir deste instante,
haverá girassóis em todas as janelas,
que os girassóis terão direito
a abrir-se dentro da sombra;
e que as janelas devem permanecer, o dia inteiro,
abertas para o verde onde cresce a esperança."

(Thiago de Mello)

Alegre-se!

Engraçado essa busca constante pela tal felicidade. Por que temos que esperar isso ou aquilo pra sermos felizes? Esperamos a maioridade, o vestibular, o diploma. Esperamos o amor das nossas vidas, o sucesso profissional. Por que não podemos ser feliz hoje?
Vejo pessoas que se prendem a passados mais presentes do que nunca. Homens e mulheres que choram o amor perdido na juventude, a oportunidade de  um bom emprego que se foi,  o casamento que acabou... Enquanto lamentam o passado, esperam pelo final feliz.
O ontem já acabou!  Tantos se prendem a ele  por “ser mais fácil contar uma história que já foi escrita”. O futuro, ainda incerto,  pertence aos nossos sonhos. E há aqueles que vivem nesse mundo do amanhã, respirando o ar que ainda nem conhecem. Será mesmo que vale a pena sonhar com sofrimentos, ansiedades, pontos de interrogação? Por falar em sonhadores...Não há tempo mais oportuno pra vivenciar esses sonhos e para buscar essa felicidade do que o tempo da juventude. Jovens buscam suas realizações profissionais, seus amores, encontros, caminhos, amigos, despedidas, sonhos, sonhos, planos, sonhos... Jovens que desperdiçam suas forças com tantas bobagens;  jovens que se dizem sempre em busca da felicidade. E por que nunca a encontram?
Muitos dizem procurá-la em lugares errados, com pessoas erradas. Mas eu penso que o erro está, na verdade, em o que se busca.  Procura-se felicidade, mas vive-se de euforia. Isso mesmo! A melhor balada, o mais gato(a) da noite. Momentos de euforia, e não alegria. “
Euforia é um estado de emoção plena". Emoção, não alegria. Euforia é algo que a gente sente e... passa. É o beijo da noite, o som, o elogio, o momento.

Quem nunca ouviu falar na disputa paixão X amor? O mesmo se dá entre euforia X alegria. Sentimentos tão próximos e tão distantes. A paixão (euforia) é intensa, ferve, chora, sorri, impulsiona, enlouquece. “O amor (alegria) é paciente, é bondoso, não busca os seus próprios interesses”. A paixão (euforia) nos torna cegos, escravos, faz com que tomemos decisões impulsionados por um sentimento incontrolável. O amor (alegria) não se alegra com a injustiça, mas regozija-se com a verdade; tudo desculpa, tudo crê, tudo espera, tudo suporta. A paixão (euforia) acaba, deixando-nos fragilizados. O amor (alegria) tudo crê, tudo espera,  deixando-nos  com a paz.
E por que, então, vivemos de euforias? Simples! Basta observarmos o que nos cerca. Vivemos em tempos em que tudo é imediato. Compras imediatas, comidas enlatadas (imediatas), fast food, respostas imediatas, dietas imediatas, beijos imediatos, relacionamentos imediatos, sonhos imediatos... Imediatos... Eufóricos... Euforia! A euforia é imediata.
Voltemos ao amor, este deve ser conquistado, cultivado, essa história de “amor a primeira vista”, convenhamos, não existe! O amor tudo espera. Para amar é preciso esperar, conhecer. Não existe amor imediato, instantâneo. Aquilo que se relaciona a imediato está, também, ligado a descartável. O amor, assim como a alegria, não pode ser descartável.
É preciso, então, deixar esse tempo de euforia. Não digo deixar de viver, de experimentar esse tempo. Mas sim, deixar de viver nesse tempo. É preciso contemplar realizações, sonhos, planos, amores, baseados em alegrias, não em euforias. Euforia passa, morre. Alegria permanece, vive. É preciso buscar a alegria hoje. Deixar de lamentar as euforias de ontem ou esperar as de amanhã. É preciso ser feliz hoje. A busca pela alegria sim, deve ser imediata, imediatamente, agora!

Mexa-se!


 
“Não há tempo que volte, amor. Vamos nos permitir”
(Tempos Modernos, Lulu Santos)

sábado, 5 de março de 2011

Muito prazer, Renata.

É isso ai! Como dizem, resolvi "dar a cara à tapa", "colocar na roda". Resolvi escrever (ou transcrever) meus pensamentos. Para tanto, preciso me apresentar...

Meu nome é Renata, tenho 20 anos e muitos sonhos. Sou bailarina desde sempre, por amor, por paixão... por acreditar que a vida nos palcos é muito mais bonita. Sou estudante de Letras porque essa profissão me escolheu e, apesar de tantas dúvidas, confesso que realmente nasci pra isto: ser professora. Tenho fé. Acredito no amor de Deus e que o mundo melhor só chegará quando esse amor alcançar toda a humanidade. Acredito nos sonhos e nas pessoas, o problema é que nem sempre acredito nos meus sonhos e em mim.Gosto da delicadeza. Gosto da escolha das melhores palavras, mesmo nos piores momentos. Mas também sei usar do grito e do desabafo de palavras não tão belas. Gosto do silêncio, do travesseiro, da noite, do frio, da chuva, de Tom Jobim. Gosto de dar boas gargalhadas, da música alta, do sol, do vento. Gosto de gente e de não ver gente, às vezes. Gosto dos melhores beijos, dos melhores abraços, dos melhores filmes de amor. Gosto de boas palavras, de boas conversas e de bons olhares, principalmente aqueles cheios de voz. Gosto de amar e gosto do amor. Gosto de trabalhar e de me mexer. Gosto mais ainda de me espreguiçar de manhã. Gosto dos detalhes. Pra me ganhar, é preciso atenção nas pequenas coisas, mas não apenas. Alguns me definem como a meiguice, a delicadeza, o anjo, a perfeição, a incapaz de errar, e disso eu não gosto. Já disse, gosto de gente e sou gente. Erro, acerto, magoo, perdoo, brigo, falo palavrão, choro, sofro, tenho meus limites.Vivo. Sou gente. Já me apaixonei pra sempre e descobri que o pra sempre, sempre acaba. Já menti sem querer querendo. Já sofri por amor. Já fiz alguém sofrer por amor. Já quis jogar tudo pro alto. Já quis entrar pro convento. Já chorei sem ter motivo. Já chorei por um bom motivo. Já senti saudade e, a propósito, só se tem saudade do que é bom. Já fui criticada por minhas escolhas, pelo que eu sou, pelo que eu não sou. Já defendi com unhas e dentes o que penso e mudei de ideia cinco minutos depois. Já critiquei o outro e me vi fazendo o mesmo. Já disse palavras erradas em dias e lugares errados. Já realizei alguns sonhos. Já desacreditei de outros. Já vivi boas histórias. Já imaginei tantas outras pra viver. Já fiz grandes loucuras. Já me arrependi de algumas coisas que fiz e de outras que deixei de fazer. Já me peguei pensando em quem não devia. Já planejei, com detalhes, tudo aquilo que deu errado. Já não confiei naquilo que deu incrivelmente certo. Tive crises existenciais (aliás, acho que tenho todos os dias). Tive grandes amizades que se perderam. Tenho grandes amizades que talvez se percam. Tenho também uma grande família, que amo muito. Tenho um anjo em minha vida. Sofro por antecipação. Tenho medo e confiança. Ainda espero por um grande amor. E espero também que nada esperem de mim. Que não venham com (pré)conceitos e (pré)definições a meu respeito. Que não criem expectativas. Que não me definam. Nem eu mesma posso me definir pois sou a própria inconstância. Vivo em eterno aprendizado. Ora isso, ora aquilo. "Não sou freira, nem sou puta". Não mudo meus princípios, mas mudo muitas vezes de opinião. Não por ser influenciável, mas por acreditar que o mundo muda quando a gente muda. Certa vez eu li que "loucura é continuar fazendo o mesmo e esperar resultados diferentes". Não espero que me definam. Espero que me descubram, que me provoquem, que me emocionem, que me decifrem. Espero que me despertem paixões, amores, incertezas, calafrios, despertem emoções. Espero que me respeitem, que me amem e não espero coisa alguma. Espero que me conheçam.

Bem-vindos ao meu mundo!

iHasta luego!

(Cada um sabe a alegria e a dor que traz no coração.) - Epitáfio, Titãs.